quarta-feira, 27 de novembro de 2024

Geloteca ganha ponto em escola estadual da zona leste

A Escola Estadual Presidente Salvador Allende Gossens, da zona leste de São Paulo, é o mais novo ponto de um projeto nacional incentivo à leitura e cultura. Na ação, geladeiras descartadas são abastecidas por livros, que se tornam bibliotecas, ou melhor, Gelotecas.
Criado em 2015 pelo professor João Belmonte, o projeto começou em seu bairro e foi se espalhando para estações de metrô, escolas e até outros estados, mantendo o intuito de ser algo feito pela própria comunidade para a comunidade. Nas escolas elas incentivam a prática da leitura nos alunos. “Acho que a Geloteca vai ajudar outros alunos, inclusive eu, a ler mais”, afirma a aluna Gabriella Neves de 17 anos.
Outro destaque das Gelotecas é a arte. João Belmonte explica que os grafites e pinturas nas geladeiras não são enfeites, são parte da cultura periférica e da educação antirracista. “A gente trabalha uma temática de provocar nas pessoas a reflexão quando a geladeira está fechada. As frases que estão em volta da geladeira são do cotidiano da galera de periferia. Essa aqui, por exemplo, o pessoal decidiu fazer uma caricatura do Mano Brown e na lateral tem uma frase dele”, esclarece o professor.
João Belmonte, que já deu aula em ONGs e na Fundação Casa, conta que começou a fazer grafite incentivado pelo seu professor e foi quando teve a vontade de ingressar na área e trabalhar com projetos sociais. Artista e formado em pedagogia, ele percebeu que gostaria de colocar projetos assim em escolas, por achar que são poucos professores que trabalham com cultura periférica e preta.

“As pessoas não associam o rap com poesia ou cultura. Quando a gente leva isso para os alunos, que o que ele escuta – tanto no funk quanto no rap – é poesia, eles começam a abrir a mente e entender que o cotidiano deles também tem arte e cultura. E aí você pode pegar a cultura urbana e fazer com que eles se dediquem a escrever também, já que muitos cantores de rap também vêm das periferias e fala de uma realidade periférica”, enfatiza João Belmonte.

Reportagem: Da redação. Foto: Divulgação.

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