A gravidez é um momento único na vida da mulher, pois envolve um período de autocuidado, descobertas e transformações físicas e emocionais. Essas mudanças refletem ainda em toda a família e pessoas próximas, o que requer uma rede de apoio para dar o suporte necessário para que a gestação seja tranquila e saudável. Famílias menores, familiares distantes, gestantes que vivem sob condições desfavoráveis são algumas das condições que impactam na realidade de inúmeras pessoas hoje em dia.
Com tantos desafios, cada vez mais a saúde pública desempenha um papel importante para o fortalecimento da integralidade da assistência e atenção humanizada durante todo esse processo, da gestação aos primeiros anos de vida da criança, passando pelo parto e o puerpério. Exemplo disso é o programa Mãe Paulistana, conduzido pela Secretaria Municipal da Saúde (SMS), que tem como proposta cuidar da mãe, do bebê e da família.
Nos últimos seis anos, mais de 500 mil pessoas tiveram a oportunidade de receber atendimento gratuito completo em saúde, assistência e acolhimento em todo o processo gestacional por meio do Mãe Paulistana. O programa está presente nas 470 Unidades Básicas de Saúde (UBSs), além de 23 Ambulatórios de Especialidades (AEs), 16 maternidades e duas casas de parto.
Acompanhamento vai do pré-natal ao pós-parto
As principais diretrizes do Mãe Paulistana são: inclusão da gestante no programa na fase inicial (até a 12ª semana de gravidez); garantia de sete ou mais consultas de pré-natal; realização de exames laboratoriais e ultrassonografia, testes rápidos para sífilis e HIV; pactuação de pré-natal de risco; transporte público gratuito (cartão SPTrans); visita antecipada à maternidade de referência para o parto, com grade de parto acessível; agendamento pela maternidade; garantia da consulta da puérpera e da primeira consulta do recém-nascido; bolsa e enxoval para o recém-nascido; estímulo ao aleitamento materno e vaga em creche para o bebê.
Família distante
A jovem Ana Brena Ferreira Parente Guimarães, 24 anos, está entre as 51 mil gestantes acompanhadas atualmente pelo programa na capital. Natural de Sobral (CE), Ana mora há dois anos em São Paulo. Recém-formada em enfermagem, descobriu a gravidez na reta final do curso. Sem familiares por perto para auxiliá-la e tendo que administrar outras responsabilidades, decidiu buscar por atendimento em sua UBS de referência para que pudessem orientá-la na gestação. Foi aí que conheceu o Mãe Paulistana.
“Somos somente eu, meu marido e cunhado em São Paulo. Nossas famílias moram longe e não podem ajudar neste momento de nossas vidas. Ao procurar a UBS, conheci e me surpreendi com a estrutura do programa, que me assiste em todos os passos. É como se fosse a minha segunda família, com profissionais que prezam pelo atendimento e o nosso bem-estar. Além disso, fui orientada sobre todos os benefícios aos quais tenho direito no programa”, comenta Ana, que está no quinto mês de gestação e é atendida na Assistência Médica Ambulatorial (AMA)/UBS Integrada Wamberto Dias da Costa, na zona norte. A paciente reforça, ainda, que o seu marido, Hélder, participa das consultas pré-natal, o que estreita ainda mais o vínculo em família.
Susto no pós-parto
Mãe de primeira viagem, Laís Gregory enfrentou um desafio logo após o nascimento do filho Luan. Ele foi diagnosticado com sopro no coração e teve de ser encaminhado para a unidade de terapia intensiva (UTI). Apesar de a situação gerar insegurança e receio, um detalhe fez toda a diferença naquele momento: o atendimento prestado pelos profissionais do Mãe Paulistana.
“O Luan ficou apenas oito horas em meus braços e teve que ir para a UTI. Mais uma vez, as equipes me tranquilizaram e deram todo o suporte necessário. Com esse serviço mais humanizado, também fiquei internada e mais próxima do meu filho, visitando e amamentando-o, para que pudéssemos sair juntos do hospital”, comenta Laís, que realizou o pré-natal na AMA/UBS Integrada Vila Carrão, na zona leste, e teve o parto realizado no Hospital Municipal Dr. Ignácio Proença de Gouvêa, na Mooca.
Gravidez de risco
Com a análise e o acompanhamento da futura mãe, o Mãe Paulistana garante proximidade entre a gestante, a UBS que a atende e a maternidade em que será realizado o parto, além do acompanhamento das gestações de alto risco, como foi o caso da paciente Hedleide de Oliveira, que descobriu a gravidez aos 40 anos de idade.
“Procurei a UBS de referência por achar que estava com intoxicação alimentar. Ao ser atendida na unidade, fiz o teste de gravidez e deu positivo. Eu e meu marido ficamos muito felizes com a notícia, porque estávamos tentando engravidar há alguns anos e eu achava que não conseguiria por conta da idade. Apesar de ser considerada de risco, me deram todo o suporte e cuidados para um parto seguro”, diz a mãe do Noah, hoje com dois anos, e que está em sua segunda gestação.
Para as gestantes de alto risco, é oferecido também o serviço da central telefônica Mãe Paulistana Digital, por meio do aplicativo e-saúdeSP. Nele, as futuras mães contatam as equipes de saúde, que fazem o acompanhamento gestacional também remotamente.
Cuidados com os recém-nascidos
Os recém-nascidos na capital também têm acesso ao teste do pezinho ampliado, que detecta até 50 doenças metabólicas, genéticas ou endócrinas de forma precoce, além da triagem auditiva universal, importante na detecção da surdez ou deficit auditivo precoce. Se necessário, o recém-nascido é encaminhado aos Centros Especializados em Reabilitação (CERs) para cuidados e utilização de aparelhos. Na ocasião do nascimento, também é feito o reflexo vermelho universal, teste ocular que permite a detecção de patologias graves, como catarata congênita, retino-blastoma e retinopatia da prematuridade (ROP), possibilitando o tratamento precoce com encaminhamento aos equipamentos de referência.
Como fazer parte do programa?
Para ingressar no Mãe Paulistana, toda pessoa que more na capital e suspeite de gravidez deve procurar a unidade de saúde mais próxima à sua residência, realizar alguns exames e, se confirmada a gestação, imediatamente é cadastrada no programa. Para cadastrar-se, é necessário ter o cartão do Sistema Único de Saúde (SUS). Caso a gestante não o tenha, é preciso apresentar RG e comprovante de residência para que o cartão seja emitido.
De acordo com a assessora técnica de Saúde da Mulher, Sônia Raquel Wippich Coelho, as equipes das UBSs realizam, cotidianamente, o trabalho de busca e inclusão das gestantes no programa. “Por meio da atenção integral a essas pessoas, é possível detectar precocemente eventuais problemas e riscos à gestação, o que assegura um parto mais tranquilo e melhor assistência ao recém-nascido”, reforça.
Vaga em creche
Com o Mãe Paulistana, o bebê tem direito a vaga em creches da rede municipal de ensino. Para isso, é necessário que as gestantes iniciem os atendimentos do programa de pré-natal até o 4º mês de gestação. Para garantir uma vaga, a mãe deverá informar seu endereço no sistema Escola Online (EOL) com o auxílio de agentes da UBS onde realiza o pré-natal. A vaga será disponibilizada pela Secretaria Municipal da Educação no mês indicado pela gestante
Reportagem: Da redação. Foto: Divulgação.
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