Quando se pensa em São Paulo, uma cidade com quase 12 milhões de habitantes, não se imagina a dificuldade que boa parte dessa população vive no dia a dia.
Guaianases, Cidade Tiradentes, Itaim Paulista, Itaquera, São Mateus, Ermelino Matarazzo, são alguns dos 96 distritos de São Paulo cujas realidades são bem distintas umas das outras.
São lugares que quando falta água ou luz, faltam por dias e não por horas. Lugares onde as ruas, em maioria, ainda são de terra. Lugares onde a população “viaja” diariamente duas a três horas, para ir e voltar para o trabalho. São quase 6 horas dentro de transportes públicos. Segurança, educação, transporte, saúde, nem precisa dizer que são um sonho – ou promessa de candidato em época de eleição.
Hospitais lotados, UBS’s com demanda acima do suportado, escolas sem o mínimo de estrutura para ensinar. Ônibus que quebra constantemente no meio do caminho, fazendo com que a viagem atrase ainda mais. Uma população carente, querendo mudar a vida e ter mais qualidade.
Mooca, Tatuapé, Carrão, Penha, embora bairros mais centrais, também vivem dificuldades diariamente e são bem pouco assistidos pelo poder público.
A reportagem foi atrás de cada um dos candidatos à prefeitura, para tentar entender e saber o que têm para a Zona Leste, mas, como a preocupação, infelizmente, é com os impactos dos debates, a resposta padrão foi que “as propostas se encontram nos programas de governo e atendem as necessidades de São Paulo”.
Muito bem, lemos um a um os programas de todos os candidatos: Altino Prazeres (PSTU); João Pimenta (PCO); José Luiz Datena (PSDB); Marina Helena (Novo); Guilherme Boulos (PSOL); Ricardo Nunes (MDB); Ricardo Senese (UP) e Tabata Amaral (PSB). Decepção, resume todos eles.
Para começar, todas as propostas são generalizadas, ou seja, atendem “superficialmente” os 96 distritos, como se todos os bairros tivessem os mesmos problemas.
Vejamos uma análise pontual dos candidatos melhor pontuados:
Ricardo Nunes (MDB), que juntamente com o saudoso ex-prefeito Bruno Covas, entregou 48% das promessas de campanha. À frente das pesquisas de intenção de voto, Ricardo entregou propostas administrativas, faixa azul, e UPA do Carrão, esta com mais de 12 anos de atraso. Propõe manter o trabalho que vem sendo feito.
Guilherme Boulos (PT) propõe criar 16 unidades de pronto atendimento na saúde – sem definir localidade, nos modelos dos Poupatempos atuais, para agendamento e realização de exames de todos os tipos. Na educação, defende a implementação de psicólogos para acompanharem os alunos mais de perto em escolas “antirracistas” (sem definição de local).
Tábata Amaral (PSB) deseja implementar em ação conjunta com o Governo do Estado de São Paulo, experiência semelhante ao que se fez no Piauí, para repressão a furtos e roubos de celulares. Na saúde, a candidata promete ampliar para 75% a cobertura do SUS para toda família paulistana.
Pablo Marçal (PRTB), por sua vez, prevê a ampliação do funcionamento dos serviços da Prefeitura para fins de semana, feriados e além do horário comercial. Quanto isso vai custar aos cofres públicos, ele não soube dizer, assim como o teleférico faraônico. A triplicação do efetivo da Guarda Civil Metropolitana (GCM), que também promete, não tem caixa para tal.
José Luiz Datena (PSDB), diante da carreira de jornalista à frente das câmeras, ficou mais marcado em sua campanha pela “cadeirada” em Pablo Marçal do que pelas suas ideias. Seu projeto de governo prevê o aumento do número de armas letais e não letais em posse da GCM para combater a criminalidade, além da extensão do horário de funcionamento das Unidades Básicas de Saúde (UBS) até as 21h.
Em nenhuma das propostas encontramos qualquer menção local e de bairro.
Por que nossos candidatos não buscam na regionalização uma solução para os problemas da capital?
Sabemos que são problemas distintos, mas quem melhor que as subprefeituras e as Associações de Bairro para conhecê-los?
Não seria interessante, uma cidade que dispõe de uma arrecadação de 12 bilhões de reais por ano, tratar sua necessidade de forma micro, onde cada administração regional tivesse realmente o “poder de prefeitura” para resolvê-los?
Reportagem: Fernando Aires. Foto: Divulgação.
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