Quem não quer morar em São Paulo? Há poucas semanas de ter completado 471 anos, a cidade que não para de crescer permanece em pleno desenvolvimento, e, apesar da falta de moradia para milhares de pessoas, Associações como a São Paulo Diferenciado ajudam a mudar este cenário, possibilitando a qualquer paulistano realizar o sonho da casa própria.
O presidente da Associação, professor Emerson Nunes, tem vasta experiência no segmento. Jornalista formado, filho de professora, acompanhou de perto os pais em centenas de lutas sociais, de comportamento, de gêneros e claro, abraçou a causa da moradia popular com imensa vontade de ajudar ao próximo a encontrar o seu cantinho, sobretudo quem mais precisa e não tem condições.
Acompanhe a entrevista completa:
O que despertou no senhor a paixão pelo mercado de habitação social? Como foram os primeiros passos?
Prof. Emerson Nunes: Nasci jornalista, com meses, minha tia avó e madrinha Ivete Nunes de Oliveira me levou para conhecer a redação do jornal Estado de São Paulo – OESP, tive minha infância na redação e meu pai José Carlos Nunes também me levava nos CPDS – Centros de Processamentos de Dados onde liderava, era uma época maravilhosa, despertava o desejo de aprofundar conhecimentos, meu ensino médio tive a oportunidade de prestar vestibulinho e entrevista no Centro Específico de Formação e Aperfeiçoamento ao Magistério – CEFAM em Arthur Alvim, localizado na Ave. Waldemar Tietz, 1477 – Arthur Alvim, guardem essa informação para compreender essa história.
Com cada vez mais lançamentos por toda cidade, a impressão é de que adquirir o primeiro imóvel tornou-se muito fácil. No entanto, segundo IBGE, mais de 500 mil moradias estão vazias na capital. Afinal, porque tanta gente morando nas ruas e imóveis vagos?
Uma característica do Brasil, a desigualdade social é realidade, sucumbida pelo Poder Público, há ausência de programas de financiamento de novas unidades habitacionais, crescem o número de entidades organizadoras dessa pauta, mas uma política de HIS – Habitação de Interesse Social são raras, na capital paulistana, o programa municipal Pode Entrar, lei municipal número 17.638 de 2021, marco legal que permite implementar sua política habitacional por meio de diversas estratégias. Essas incluem desde modelos de autogestão com entidades de moradia até parcerias público-privadas voltadas para habitação. A ASPD – Associação São Paulo Diferenciado foi classificada na décima sexta, de um seleto grupo de 58 associações na primeira fase do Pode Entrar.
Quando surgiu a Associação São Paulo Diferenciado? Até o momento, quantas famílias já foram beneficiadas pela Associação?
Fundada em 1 de agosto de 2007 foi criada para ser referência na implantação de novas unidades habitacionais, uma forma justa de cobrar soluções e fortalecer a lei do Pode Entrar na capital, grande esforço, mensalmente o quadro associativo se reúne, discute soluções, plano técnico social, alternativas e acompanhamento das obras em andamento (Residencial São Paulo Diferenciado com 62 unidades habitacionais em Itaquera e Residencial Tereza Aparecida Cardoso Nunes de Oliveira em Arthur Alvim) na primeira fase do Pode Entrar, infelizmente ficou parado desde 2015 quando fomos contemplados com os terrenos da Cohab SP nos chamamentos públicos para aquisição das áreas para construções e não havia dinheiro para desenvolver essas unidades, a partir desse cenário, os movimentos sociais, entidades se reuniram para discutir alternativas e assim, o saudoso prefeito Bruno Covas, vereadores e população iniciaram a discussão para elaboração do programa Pode Entrar.
De que forma a Associação São Paulo Diferenciado tem ajudado a população a realizar o sonho da Casa Própria?
Atuando com excelência na busca de novos financiamentos, projetos de novas unidades para famílias de 1 à 10 salários mínimos que seja na esfera federal, estadual e municipal. Construímos sonhos em realidade, de verdade estamos trabalhando arduamente para implantação de novas 800 (oitocentas) novas unidades nos próximos anos.
Existem obstáculos a quem luta pela moradia popular em São Paulo? Quais?
Desinformação da população, ruídos de comunicação e o Poder Público tem o desafio de criar novas oportunidades, aproveitar melhor a capacidade técnica da diretoria de cada organização para desenvolver com melhor desempenho as atividades de sociabilização, integração e aproveitamento de convívio das famílias nos empreendimentos habitacionais.
Há quanto tempo o senhor preside a Associação? Em todos esses anos, há algum caso / história que tenha lhe emocionado? Poderia compartilhar com a gente?
A ASPD – Associação São Paulo Diferenciado foi criada em 1 de agosto de 2007, após uma peça de teatro com duração de 4 horas, onde atores desempenhavam vários personagens durante uma festa de aniversário, uma verdadeira zueira, mas a festa, comidas, bebidas e um delicioso coquetel era servido, até hoje não houve na história do teatro, algo tão inédito, inovador e criativo, encenada na Sociedade Amigos do Tatuapé – SAT. Após o sucesso e fim da temporada, percebi que os movimentos de moradias populares estavam num momento que não havia atividades, discussões, planejamento de ações e cobrança de atitudes da prefeitura, a partir de março de 2008 até a presente data, nenhum dos meses ficaram sem um encontro e reuniões, nascia o Movimento de Moradias Popular Leste Forte – MHPLF, Clube dos Lojistas da Vila Matilde e o Movimento Zona Leste em Desenvolvimento todos fazem parte da mantenedora ASPD – Associação São Paulo Diferenciado que é única com a capacidade de agregar algumas das principais leis municipais e estadual para o pleno exercício da população. Atualmente, destaque para lei estadual e municipal do Dia da Liderança Jovem, lei estadual e municipal do Carnaval de Rua da Vila Matilde – Bloco Banda das Cachorras. Aproveito também para convidar todas, todos para terça de carnaval, 4 de março, décima primeira edição, a partir das 10 horas, na “Praça da Toco”, praça Vereador João Aparecido de Paulo, marco zero do tradicional bairro da Vila Matilde, berço do carnaval de São Paulo. Tem também a lei municipal do Dia de Mobilização e Lutas por moradias populares que será em breve lançada para discutir avanços da cidade em relação à implantação de novos projetos habitacionais de interesse social.
O que é preciso para adquirir uma das unidades financiadas pela Associação? Como é o passo a passo?
O atendimento acontece mensalmente, agora, sábado, 15 de fevereiro, 14 às 17 horas na sede social da ASPD – Rua Dona Matilde, 28 sala 4 – Vila Matilde teremos plantão de atendimento para pessoas interessadas, há necessidade do comparecimento presencial para pré atendimento, caracterizações e busca de oportunidades, um verdadeiro garimpo na história das famílias para melhor orientação.
Além do Residencial Tereza Aparecida Cardoso Nunes de Oliveira, quais outros estão para sair do papel? Quem foi Teresa Nunes?
Além das obras do Residencial São Paulo Diferenciado em Itaquera, Residencial Tereza Aparecida Cardoso Nunes de Oliveira em Arthur Alvim, há quinhentos metros de distância da escola técnica estadual que leva o nome da minha mãe, fundadora da ASPD, carnavalesca, artista plástica, educadora e principalmente uma paulista, natural da cidade de Jaboticabal – SP, que fez da sua vida profissional a busca por qualidade de vida das pessoas. A saudosa professora morou na Avenida Waldemar Tietz, 131 pelo menos nos últimos 26 anos de vida, onde lecionou, formou jovens e principalmente participou de centenas de lutas sociais, de comportamento, de gêneros com maestria e educação. A Professora Tereza Aparecida Cardoso Nunes de Oliveira merece a preservação da rica história de simplicidade e humildade.
É possível crer que, em algum momento, não haverá mais ninguém vivendo em situações miseráveis pelas ruas? No futuro, em São Paulo, seria utopia acreditar que todos terão o seu sonhando cantinho?
O movimento é processual, tem início, meio e entrega das chaves num primeiro momento, na sequência desperta um desejo natural de lutar por pautas de melhoramentos públicos, é assim que funciona, não para NUNCA! O meu destino é lutar sempre mais, dedicação total da defesa dos direitos à unidades habitacionais de interesse social e cultura popular, confesso que sou obstinado.
À frente da Associação, quais outras metas o senhor ainda tem a intenção de alcançar?
O planejamento de 2025 é crescer nas ações em pelo menos 20%, iniciar obras de novos empreendimentos e buscar mais ações nas casas legislativas do município, estado e governo federal. Conte comigo sempre!
Entrevista: Fernando Aires. Foto: Divulgação.
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