quarta-feira, 19 de março de 2025

Kassab apoia voto distrital, aponta caminhos para o país e elogia mídias regionais

Gilberto Kassab, ex-prefeito de São Paulo, atual secretário de Relações Institucionais do Governo Tarcísio de Freitas e presidente do PSD, foi convidado a falar na Associação Comercial de São Paulo sobre as “Perspectivas Políticas e Empresariais para 2025”. Na reunião estiveram presentes diversos empresários, jornalistas e membros do Conselho Político e Social da Entidade. O político foi recebido pelo presidente da ACSP, Alfredo Cotait Neto, e pelo coordenador da transição do governo eleito para o Estado de São Paulo, Guilherme Afif Domingos, que exerceu o cargo de presidente na Associação Comercial de São Paulo nas gestões 1982–1987 e 2003–2007.

“A minha história na vida pública se mistura muito com a de muitos que hoje estão aqui, incluindo o ex-presidente da Associação, senhor Guilherme Afif Domingos, desde quando eu ainda estudava engenharia na Poli e fui convidado a ajudar o Conselho de Jovens. Sempre digo que a gente conhece as pessoas quando conhece o seu entorno e o meu entorno é composto de pessoas com as quais convivo há mais de 30 anos”, falou Kassab.

Sobre a gestão do Governo Federal, Kassab traçou uma análise geral dos erros e acertos de vários Governos passados, desde a primeira gestão do PT em 2003: “O Brasil, desde 2013, sofre com uma instabilidade política, não institucional. Isso vem desde aquelas manifestações de rua, com a indignação da sociedade sobre os rumos do país. O PT se reelegeu mas essa indignação foi crescente, a Dilma caiu e com isso, veio a eleição do Bolsonaro. O presidente Bolsonaro, na minha avaliação, cometeu um erro estratégico ao entender que a sua eleição foi fruto de uma identidade com o seu posicionamento político e não fruto dessa indignação. Com isso, o presidente dedicou atenção às alas mais conservadoras da sociedade e do Governo, acreditando que isso bastava para se fortalecer e se reeleger. Acabou esquecendo de governar para aqueles que estavam mais ao centro e até mesmo à esquerda. Errou muito durante a pandemia ao questionar a vacinação e com isso, o Lula cresceu mais pelos erros dele do que por sua própria imagem”.

O secretário afirma que os bons gestores salvam o Governo, conseguem permanecer na política e gozam de prestígio na vida pública:”O Governo Bolsonaro teve bons políticos, dentre eles o Ministro Paulo Guedes, da Economia, que hoje, a gente entende o quanto foi importante naquele momento para o Brasil. Eu sempre digo que o Paulo Guedes não era só o ministro da Economia, administrando quase o equivalente a sete ministérios integrados ao seu e com plenos poderes. Trouxe muita confiança aos investidores durante 4 anos. Ou seja, o governo tinha bons gestores, tanto que dali saiu o Governador Tarcísio de Freitas, a ministra Tereza, da Agricultura, mas ele se equivocou voltando apenas aos conservadores e o Lula cresceu em cima desse desgaste político. Hoje, o Governo Lula esbarra nessas dificuldades justamente por não dispor de uma equipe que saiba gerir os recursos e principalmente, que saiba passar confiança. O Fernando Haddad não passa confiança. A equipe do presidente Lula não está convencendo o povo e isso se repete em todas as esferas. O que eu percebi nas eleições municipais, por exemplo, é que a indignação e insatisfação continuam. Os ‘outsiders’ quase ganharam as eleições, o Pablo Marçal quase ganhou a eleição em São Paulo. Em Fortaleza, no Paraná, a mesma coisa, tudo por causa dessa insatisfação. Contudo, isso tem um ponto positivo, as pessoas em sua indignação, estão avaliando melhor aqueles que possuem uma má conduta e que fazem uma má gestão, não importa se o candidato é famoso ou não. No RS, por exemplo, o Eduardo Leite, enfrentou um outsider nas eleições e por ser um bom gestor, venceu. No Rio de Janeiro, Eduardo Paes venceu pela 4ª vez. Em Pernambuco, a Raquel Lira conseguiu eleger 140 prefeitos, dentre eles, João Campos, reeleito prefeito de Recife. Em São Paulo, o governador Tarcísio apoiou o então prefeito e candidato Ricardo Nunes, que ganhou a eleição em cima de Pablo Marçal. Eu costumo dizer que hoje, nada mais afasta o bom gestor de sua missão e a sociedade está aperfeiçoando o seu processo de escolha, conforme as suas necessidades”.

Sobre as eleições presidenciais de 2026, Kassab ressaltou a vontade do PSD lançar candidato próprio: “O Tarcísio, na minha avaliação, representa uma renovação importante no Estado de São Paulo. Ocupou cargos em ministérios do Governo Dilma e Bolsonaro, mostrando que tem capacidade de trabalhar com diferentes âmbitos ideológicos, além de ser um político competente. A chapa que o Tarcísio apoiar será a chapa do PSD. O PSD vai continuar com a chapa do governador Tarcísio”, afirmou Kassab no evento, e na sequência, emendou: “[Mas] Eu não acredito que ele saia candidato. O Tarcísio não saindo, muito possivelmente cada partido vai lançar o seu candidato. Felizmente, já temos um nome que se apresentou, que é o de Ratinho Junior, governador do Paraná. Se for ele, o partido estará muito bem representado. Teremos uma dobradinha boa do Tarcísio no estado e ele, nacionalmente”, destacou o chefe do PSD.

Voto distrital
Ainda sobre a esperança de melhorias na política, o secretário afirma: “O ideal seria uma reforma administrativa. Muito se fala nela, alguns governos tentam, mas essa reforma não avança. E aí eu defendo uma reforma mais ampla, a começar pelo Voto Distrital, que já foi uma proposta do José Serra e que hoje está parada no Congresso. Hoje, a gente sabe que o mandato, na real, é de 8 anos. Com 4 já se sabe se vale a pena continuar ou não. Com o voto distrital muda tudo e acaba com a eleição, porque aí, cada bairro ou zona, passa a ter o seu representante, aquele que mora no lugar, que compra pão todo dia na padaria, que vai ao supermercado. Se não for um bom político, o povo tira. Eu acredito que no futuro, nós vamos entrar no parlamentarismo, com o voto distrital, porque é a melhor forma de governo, mas não agora, porque o Congresso infelizmente não está preparado para tal”.  

O ex-prefeito também defende que a urna eletrônica é segura e não há problemas no sistema eleitoral: “Eu não concordo com as declarações sobre a Urna Eletrônica, que é sim segura e confiável. Você tem ali o comprovante dos votos que depois fica disponível para todo e qualquer eleitor ou candidato que quiser conferir. É uma criação nossa, que precisa ser valorizada. Durante a minha passagem pelo Ministério de Ciências e Tecnologia, eu observei investidores que vinham do mundo inteiro para acompanhar as inovações tecnológicas do Brasil. Os bancos estrangeiros, principalmente. O Brasil dá show em matéria de inteligência e competência e claro, quanto mais investimentos em educação, melhor será o desenvolvimentos dos brasileiros para o futuro”.   

Contas Públicas
Questionado sobre como é possível conciliar as reformas necessárias com um gasto público que chega a 80% do PIB, o secretário responde: “Realmente, é preciso reavaliar as emendas parlamentares. O Congresso aprovou recentemente um gasto de 50 bilhões em emendas e isso é um absurdo em um país com tantas dificuldades. O Brasil precisa direcionar melhor os recursos e isso é um problema de gestão. Por isso, a necessidade de uma reforma administrativa, que valorize a eficiência e a competência, não apenas o corte de gastos. É preciso valorizar o bom funcionário público. Antigamente, muito se falava em ser professor ou juiz, hoje, as pessoas querem distância da toga e da sala de aula. O valor pago compensa tanto sacrifício?”

Sobre o futuro do Governo Lula, Kassab afirma: “Eu torço, de verdade, pelo governo. Acho que tem boa vontade, mas isso, hoje, não é o suficiente. Vejo o Lula na ânsia de buscar dinheiro para tentar repetir o que fez em suas gestões anteriores, quando a economia era forte, mas hoje, de onde virá o dinheiro? Não tem mais como taxar o povo. Eu creio que o Fernando Haddad precisa passar mais confiança ao povo. Ele não está conseguindo. Se você reparar, todo bom governo tem um ministro da Economia forte. É o que segura a gestão. Na ditadura, por exemplo, o ministro Delfim Neto batia de frente com os militares, que o respeitavam, pois sabiam que ele tinha razão. Depois, o Itamar na tentativa de frear a inflação, encontrou no Fernando Henrique a saída, com o Plano Real. O Fernando Henrique se elegeu e reelegeu presidente depois disso. Quanto ele gastou? Zero. Depois veio o Lula, com o Palocci, na sequência o Henrique Meirelles, e por fim a Dilma, que tentou colocar as mãos na economia, ‘atropelando’ o Mantega. Na época do Fernando Henrique, quando perguntavam alguma coisa ele dizia: ‘isso é com o Malan’, tamanho respeito dele com o ministro. O Ministro da Economia é como o ‘para-raio’, do presidente. Ele organiza a casa, ele dita o caminho. O Haddad precisa agir assim”. 

Crescimento e mídias regionais
Sobre o futuro do país e de todas as regiões em suas micro administrações, o secretário finaliza: “A população não está acreditando e isso traz mudanças significativas. As propostas não estão convencendo e a realidade é outra. É preciso foco no presente, esquecer o passado e trabalhar com transparência e seriedade, se quiser fazer uma boa história”. Questionado se o Governo Tarcísio pretende investir mais e adotar outras estratégias para se aproximar da capital e das comunidades por meio das mídias regionais, o secretário conclui: “A mídia regional é um importante elo do Estado com o paulistano, para que se possa alcançar as melhorias em cada região e esse elo é valorizado. Os investimentos necessários para tal devem ser tratados com a Secretaria Laís, para que o elo se mantenha”. 

Reportagem: Fernando Aires. Foto: Divulgação.

Para saber mais sobre outros conteúdos, clique aqui e acesse a home do nosso portal.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Search

siga-nos

Sobre o problema de segurança pública em São Paulo, qual o mais grave em sua opinião?

Ver resultados

Carregando ... Carregando ...
Categorias

Nuvem de tags